30 de nov. de 2011

Acervos históricos impulsionam o turismo em Monte Santo

Redação Portal Clériston Silva PCS

Serra da Cruz – maior centro de peregrinação do estado

Com uma população de aproximadamente 53 mil habitantes e uma história rica em fatos relevantes, o município de Monte Santo, no sertão da Bahia, a 179 km de Serrinha, é o que se pode definir como “um prato cheio” para religiosos, turistas e estudiosos que gostam de se aprofundar na história conhecendo “in loco” essa singular unidade do território baiano, onde a preservação das suas origens não impede a chegada do progresso impulsionado pela administração municipal.

Consolidado como segundo maior centro de peregrinação do estado, registra forte turismo religioso que teve origem no final do século XVIII, quando o italiano frei Apolônio de Toddi percebeu semelhança entre a Serra da Santa Cruz e o local onde Jesus Cristo foi crucificado em Jerusalém.

Uma escadaria rústica ladeada por uma balaustrada foi construída até o pico da serra, numa extensão de 4 km tendo ao longo 23 capelas, que representam a Via Sacra de Jesus. O fato chamou atenção do escritor e jornalista Euclides da Cunha quando da cobertura da Guerra de Canudos.

O turismo religioso ocorre durante o ano inteiro, todavia durante a Semana Santa e nas comemorações de Todos os Santos, nos dias 31 de outubro e 1º de novembro, a presença de visitantes chega a ser impressionante. Do alto da serra respira-se ar puro e é belíssimo o panorama, vendo-se abaixo o vale com o seu verdor.

Em abril de 1897 Monte Santo serviu de base das operações do Exército contra Antônio Conselheiro e seus seguidores. Ali ficaram duas colunas com mais de 4 mil soldados e o ministro da Guerra, Carlos Machado Bittencourt. O local também foi visitado varias vezes pelo cangaceiro Lampião.

Escadaria rústica construída até o pico da serra

As comemorações da festa de Todos os Santos no dia 31 de outubro é um excelente momento para se visitar Monte Santo que tem como pontos turísticos a Praça Monsenhor Berenguer com seus casarios do século XVIII e o Canhão de Canudos do século.

No Museu Regional há um importante acervo histórico e artístico. Uma réplica do Bendengó, meteorito encontrado às margens do rio que tem esse nome em 1784, é uma das peças que mais despertam interesse e curiosidade.

Nas fazendas Caixão, Maria de Lima, Pedra Branca, Riacho da Onça e Santa Rita são mantidas intactas inscrições rupestres seculares e na Pedra Vermelha, em meio à caatinga há fósseis pré-históricos do período pré-colombiano.

Com tantas atrações naturais e registros históricos Monte Santo tem sido cenário para filmes, novelas e documentários.

Em 1965 Olney São Paulo produzia ali o filme Deus e o Diabo na Terra do Sol. Em 1988 a Rede Globo gravou a minissérie "O Pagador de Promessas" e posteriormente um documentário.

Construção da capela - Em outubro de 1775, o Capuchinho Frei Apolônio de Toddi que se encontrava na aldeia indígena de Massacará, (hoje situada no Município de Euclides da Cunha), foi convidado pelo fazendeiro Francisco da Costa Torres, a realizar uma missão de penitência na Fazenda Lagoa da Onça, de sua propriedade, ali chegando deparou com uma grande seca e devido à escassez de água no local, não realizou a missão, decidiu então, seguir para o logradouro de gado denominado “Piquaraçá” onde existia um olho d’água em abundância conhecido atualmente como “Fonte da Mangueira”, localizado no pé da serra.

Capela construída no alto da Serra da Cruz

Frei Apolônio de Toddi, ao apreciar a serra ficou impressionado com a semelhança da mesma com o calvário de Jerusalém e convidou os fiéis que o acompanhava para transformar o Monte em um “Sacro-Monte” e rebatizá-lo com o nome de Monte Santo, marcando seu dorso com os passos da Paixão.

Logo em seguida, mandou tirar madeira e iniciou a armar uma capelinha de madeira e fazer uma boa latada para se fazer a missão e ao mesmo tempo mandou cortar paus de aroeira e cedro para por no Monte, cruzes a espaços regulares na seguinte ordem: a primeira dedicada às almas, as sete seguintes representando as dores de Nossa Senhora e as quatorze restantes lembrando o sofrimento de Jesus, na sua caminhada para o Monte Calvário em Jerusalém.

Em primeiro de novembro do mesmo ano, encerrou a procissão de penitência, com um sermão, finalizando as suas palavras pedindo aos fiéis que todos os anos nesta data, viessem visitar o Monte.

Em seguida, deu-se início a construção das capelas no local das cruzes com cal trançado e das igrejas do calvário e da matriz, colocando nas capelas painéis grandes a cada passo, na igreja do Calvário as imagens do Senhor, Nossa Senhora da Solidade e São João. Na igreja da Matriz as imagens de Nossa Senhora da Conceição e Santíssimo Coração de Jesus.

Mesmo antes da conclusão da construção, em 1790, o Santuário foi elevado à categoria de Freguesia por Decreto de Lisboa, recebendo o nome de Santíssimo Coração de Jesus de Nossa Senhora da Conceição de Monte Santo, sendo nomeado o seu primeiro pároco o Padre Antônio Pio de Carvalho.

Os primeiros povoadores de Monte Santo foram Francisco da Costa Torres, da Fazenda “Laginha”, Domingos Dias de Andrade, José Maria do Rosário da Fazenda Damázio e João Dias de Andrade.

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