Redação Portal Cleriston Silva PCS
O Diretório Nacional do PMDB decidiu nesta terça-feira (29), por aclamação, romper oficialmente com o governo da presidente Dilma Rousseff. Na reunião, a cúpula peemedebista também determinou que os seis ministros do partido e os filiados que ocupam outros postos no Executivo federal entreguem seus cargos.
O vice-presidente da República e presidente nacional do PMDB, Michel Temer, não participou da reunião que oficializou a ruptura com o governo sob o argumento de que não desejava "influenciar" a decisão. No entanto, ele teve participação ativa na mobilização pelo desembarque do partido e passou toda a segunda-feira (28) em reuniões com parlamentares e ministros do PMDB em busca de uma decisão “unânime”.
Comandada pelo primeiro vice-presidente do PMDB, senador Romero Jucá (PMDB-RR), a reunião durou menos de cinco minutos. Após consultar simbolicamente os integrantes do partido, Jucá decretou o resultado da votação.
"A partir de hoje, nessa reunião histórica para o PMDB, o PMDB se retira da base do governo da presidente Dilma Rousseff e ninguém no país está autorizado a exercer qualquer cargo federal em nome do PMDB", enfatizou.
Após a reunião, Jucá disse que, com a decisão, o PMDB deixava bem clara a sua posiçào em relação ao governo e disse que quem quiser tomar uma decisão individual terá que avaliar as consequências.
"A partir de agora, o PMDB não autoriza ninguém a exercer cargo no governo federal em nome do partido. Se, individualmente, alguém quiser tomar uma posição, vai ter que avaliar o tipo de consequência, o tipo de postura perante a própria sociedade. Para bom entendedor, meia palavra basta. Aqui, nós demos hoje a palavra inteira", afirmou.
A decisão do PMDB aumenta a crise política do governo e é vista como fator importante no processo de impeachment de Dilma. Há a expectativa de que, diante da saída do principal sócio do PT no governo federal, outros partidos da base aliada também desembarquem da gestão petista.
Atualmente, o PMDB detém a maior bancada na Câmara, com 68 deputados federais. O apoio ao governo, porém, nunca foi unânime dentro da sigla e as críticas contra Dilma se intensificaram com o acirramento da crise econômica e a deflagração do processo de afastamento da presidente da República.
Impeachment ganha força - A saída do PMDB da base aliada pode ser considerada a grande derrota sofrida pelo governo em um ano marcado pela abertura do processo de impeachment contra a presidente, duas semanas atrás, e por sucessivos impedimentos a Luiz Inácio Lula da Silva de assumir o cargo de ministro-chefe da Casa Civil – empurrado ao ex-presidente após ele ter sido obrigado a prestar depoimento à Polícia Federal, em 4 de março.
O rompimento reforça as chances de mais deputados do partido abandonarem o apoio a Dilma, aumentando ainda mais a possibilidade de impeachment da presidente. A previsão é que o processo vá para votação em Plenário em 17 de abril, sendo necessário o apoio de 2/3 dos 513 parlamentares da Câmara para afastar Dilma do cargo.
Presidente nacional do PSDB, Aécio Neves afirmou nesta terça-feira que o desembarque do PMDB, que já tinha muitos deputados apoiando o impeachment, "fecha o caixão da gestão petista". A opinião é compartilhada por lideranças dos principais partidos em atividade no Congresso Nacional, que acreditam em uma debandada geral de apoiadores de Dilma a partir de agora.
"O impeachment já é inevitável hoje e a saída do PMDB fragiliza ainda mais o governo. Isso pode causar esse efeito dominó, com outros partidos percorrendo a mesma rota de fuga da base aliada", avalia Pauderney Avelino, líder do DEM na Câmara.
A definição peemedebista também fortalece como nunca Michel Temer, primeiro na linha sucessória da presidente – seguido por Cunha e o senador Renan Calheiros, também investigado na Lava Jato. Lideranças da oposição, como o próprio Aécio, já anunciaram comprometimento em colaborar com um eventual governo liderado pelo vice.