Redação Portal Cleriston Silva PCS
O candidato do PT ao governo do estado, Jerônimo Rodrigues, pela primeira vez aparece na liderança da corrida eleitoral. É o que aponta a terceira rodada da pesquisa Atlas/Intel.
Considerando a margem de erro de dois pontos percentuais, Jerônimo e o ex-prefeito ACM Neto (União Brasil) se encontram em empate técnico, mas os números indicam recuo das intenções de voto em Neto diante de um crescimento, ainda tímido, do candidato do PL, João Roma, representante do presidente Jair Bolsonaro.
Os números mostram Jerônimo Rodrigues (PT) com 38%, com uma oscilação de 0,2 ponto em relação à última pesquisa e um crescimento de 5,4 pontos desde o primeiro levantamento. Em segundo, está ACM Neto (União Brasil) com 35,6%. Uma queda de 3,2 pontos em relação ao último levantamento e 4,1 de retração desde o início da série.
João Roma começou com 10,5%, subiu para 13,2% e agora tem 14,7%, acumulando um crescimento de 4,2 pontos nas intenções de voto. “Em relação à pesquisa anterior, os números mostram variação dentro da margem de erro. Pela primeira vez Jerônimo aparece à frente de ACM Neto”, diz o cientista político e executivo-chefe da AtlasIntel, Andrei Roman.
Para ele, uma vitória de ACM Neto no primeiro turno “é quase impossível”. A única chance, indica, seria um voto estratégico dos eleitores de João Roma, “no último momento, para evitar uma vitória do PT”.
Segundo Roman, o único caminho para se decidir a eleição sem uma segunda votação seria uma migração dos eleitores de Neto, que também votam em Lula – sobretudo os mais jovens –, para a candidatura de Jerônimo. O que, no momento, não se verifica de forma consistente.
Num eventual segundo turno, João Roma perderia em qualquer simulação. Contra ACM Neto, 47,5% a 24,7%. Se o adversário for Jerônimo, o petista venceria por 45,9% a 27,7% demonstrando um teto para o candidato do PL. Se a disputa fosse entre Jerônimo e Neto, hoje, o ex-prefeito de Salvador teria 41,8% contra 40,8%, empate técnico.
Para Roman, as oscilações devem se acentuar a partir da veiculação de propaganda no horário eleitoral, que começa na sexta-feira, 26. “Com o início da campanha de rádio e TV pode se observar uma mudança mais rápida. A tendência é de crescimento de Roma, mas tenho reservas”, diz.
Senado - Se a projeção para o governo é incerta, o cenário de disputa pelo Senado aparece mais consolidado. Segundo Roman, isso se deve a um comportamento seletivo do eleitor. “A corrida pelo Senado está menos em pauta. O eleitor se preocupa primeiro com presidente, governador, depois senador e assim por diante”, explica.
Otto Alencar (PSD) lidera com 33, 9%, com retração de 5,3 pontos em relação ao último levantamento, mas com vantagem ainda confortável sobre Rayssa Soares (PL), que aparece com 16,5%, uma oscilação positiva de 0,3. Cacá Leão (PP) tem 10,7%, uma queda de 2,2.
Para Roman, o conhecimento da figura de Otto favorece a lembrança do eleitor. Rayssa, segundo o cientista político, representa o bolsonarismo raiz e não tem rival no campo da direita. “O perfil de Cacá é diferente”. Brancos e indecisos são quase um terço e o executivo vê espaço para crescimento de Rayssa, mas nada que ameace a reeleição de Otto Alencar.
Peso nacional - A nova rodada da pesquisa AtlasIntel mostra de forma mais clara o que já vinha sendo levantado nas consultas anteriores: que a associação entre os candidatos ao governo e à presidência pode ser decisiva na escolha do eleitor.
Isso explica tanto o crescimento de Jerônimo, candidato de Lula (PT), quanto de João Roma, representante de Bolsonaro (PL) na eleição estadual. Na Bahia, Lula lidera com 62,4%, com leve variação de 1,5 para menos em relação à última pesquisa.
Bolsonaro tem 28,4% no estado, crescimento de 3,1, atribuído ao pagamento do auxílio e a melhora do cenário econômico. Ciro Gomes (PDT) tem 5,1% na Bahia.
Andrei Roman analisa como a disputa pela preferência do eleitor pode ser influenciada pela campanha nacional, de acordo com a pesquisa. “Os votos de Bolsonaro têm uma distribuição parelha entre Neto (38,4%) e Roma (49,4%). Com Lula é semelhante. Jerônimo tem 58,4% dos votos do ex-presidente e ACM Neto 30,6%, sem grande variação”. O que pode mudar com a associação de Roma e Jerônimo a Bolsonaro e Lula no horário eleitoral, respectivamente.
A análise do cruzamento dos votos para presidente e governador também revela uma tendência importante em caso de segundo turno. Dos eleitores que declaram voto em Bolsonaro, apenas 0,5% admitem votar em Jerônimo. Da mesma forma, entre os eleitores de Lula, 0,3% votariam em Roma. O que faz de ACM Neto o principal beneficiado em caso de uma disputa com qualquer dos outros dois mais votados.
Em contrapartida, Jerônimo tem a seu favor a avaliação positiva de outras figuras políticas do PT. Sobretudo, o atual governador, Rui Costa. A pesquisa AtlasIntel procurou saber como o eleitorado percebe a gestão do petista e 54,8% têm uma imagem positiva do governante. ACM Neto (49,9%) Jaques Wagner (43%), Jerônimo e Otto (38,7%) e João Roma (26,4%) aparecem na sequência.
Quanto à gestão de Rui à frente do governo, 61% dos baianos aprovam a condução do petista, com 43% de avaliação “ótimo e bom” e 27,9% de “regular”. O peso de Rui Costa na eleição do seu sucessor não pode ser desconsiderado, segundo Andrei Roman.
“Rui é um fenômeno de popularidade política. Dá para afirmar isso com bastante imparcialidade. Na frente de todos os líderes estaduais, de direita e de esquerda. Bem avaliado não só pela gestão, mas pelo perfil político. É um desafio para ACM Neto também, talvez seja um rival maior que Jerônimo”.
Se a equidistância de ACM Neto dos dois principais nomes que disputam a presidência o favorece num provável segundo turno, a falta de engajamento pode ser um problema.
Segundo Roman, “quando ACM Neto não faz a defesa do governo Bolsonaro, perde alguns eleitores para João Roma”. Ao mesmo tempo, à medida que a campanha avança, fica evidente que ACM Neto não é o candidato de Lula.
Por outro lado, o crescimento esperado de Bolsonaro, em função das medidas assistenciais que já estão sendo colocadas em prática, pode alavancar a candidatura de Roma e criar um problema para o ex-prefeito de Salvador.
“Se Roma atingir 20% pode romper o bolsão estratégico. ACM ficaria numa posição de fraqueza, depois de começar na liderança, poderia ver a migração dos seus votos para Roma. Para isso, a qualidade das campanhas vai ser decisiva”, projeta o cientista político.
“O desafio de ACM Neto é segurar o eleitor lulista, principalmente os mais jovens, onde o voto em Lula e Neto tem a maior incidência. Ao mesmo tempo, o maior desafio de Jerônimo é atrair esses jovens para tentar uma vitória ainda no primeiro turno”, complementa Roman.