2 de jul. de 2018

Bahia é o estado com maior risco de retorno da poliomielite

Redação Portal Cleriston Silva PCS

O Ministério da Saúde admite haver alto risco de retorno da poliomielite em pelo menos 312 cidades brasileiras. O alerta foi feito na quinta-feira, 28, em uma reunião com secretários estaduais e municipais de saúde. "É uma situação gravíssima", afirmou a coordenadora do Programa de Imunização, Carla Domingues. A Bahia é o estado com a situação mais grave, pois 15% dos municípios imunizaram menos da metade das crianças, quando a recomendação é que a cobertura vacinal seja superior a 95%.

Estes municípios baianos estão na lista de maior risco para pólio, juntamente com as outras cidades brasileiras que não conseguiram atingir nem 50% da cobertura vacinal. "Uma cidade com esses indicadores tem todas as condições de voltar a transmitir a doença em nosso País. Será um desastre para a saúde como um todo." O último caso registrado no Brasil foi em 1990. Quatro anos depois, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a doença erradicada das Américas.

O estado do Maranhão aparece logo atrás da Bahia, com 14,29% dos municípios que imunizaram menos que 50% das crianças. Em todo o País, apenas Rondônia, Espírito Santo e Distrito Federal não têm cidades sob risco elevado.

O quadro geral é muito preocupante. Pelos dados do Ministério da Saúde, no ano passado 22 unidades da federação não atingiram a cobertura considerada ideal. Também em 2017, pelo menos 800 mil crianças estavam sem o esquema completo de vacinação - que compreende três doses do imunizante.

"Acendemos a luz vermelha", resumiu Carla. A preocupação ganha corpo sobretudo em um momento em que voltou a ser discutida a entrada do poliovírus derivado. Na Venezuela, autoridades sanitárias cogitaram a possibilidade de que uma menina teria sido contaminada por essa mutação do vírus.

Quando a vacina em gotas é dada para a criança, o vírus atenuado contido no imunizante pode ficar presente no ambiente por quatro a seis semanas, criando o que se chama de efeito rebanho. De quebra, a população que tem contato com o vírus atenuado também fica protegida contra a doença.

O problema é que nesse período, em raríssimas ocasiões, o poliovírus pode ter contato com outros vírus, como o rotavírus, sofrer uma mutação e, com isso, criar uma nova onda de infecções. Essa hipótese foi descartada no caso da criança venezuelana, mas a preocupação persiste.

A presidente da Sociedade Brasileira de Imunização, Isabella Ballalai, observa que o risco aumenta nos casos em que a cobertura vacinal é menor. "Daí a necessidade de a imunização ser, sempre, mantida em 95%."

Isabella classificou o indicador brasileiro como "inacreditável e inadmissível". Carla observa que a queda mais expressiva ocorreu nos últimos dois anos. Para tentar reduzir o risco, o Ministério da Saúde deverá fazer entre os dias 6 e 31 de agosto uma campanha nacional de vacinação contra pólio.

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