Redação Portal Cleriston Silva PCS
O deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, comunicou sua desistência da disputa à Presidência da República na manhã desta quinta-feira, 26, com uma carta. O documento foi lido pelo presidente do DEM, ACM Neto, na abertura do evento de apoio do Centrão ao presidenciável do PSDB, Geraldo Alckmin, em Brasília. “A decisão conjunta que tomamos foi a de unir nossos esforços e nossas ideias em torno do nome de Geraldo Alckmin, do PSDB”, afirmava o texto. “Arquivo, momentaneamente, a pretensão presidencial que vislumbrei para marcharmos juntos, em 2018, com o projeto que estamos construindo”, afirmou Maia, que anunciou que tentará um novo mandato como deputado federal nas eleições 2018.
Para ele, o projeto tucano parece o mais viável para “evitar marchas-à-ré ainda maiores e mais trágicas para o Brasil”. A campanha de Rodrigo Maia à Presidência começou em março de 2018, quando ele se lançou como pré-candidato. Na ocasião, disse que a população estava cansada “da polarização entre PT e PSDB”. “As pesquisas mostram uma rejeição contra esses partidos”, declarou na ocasião. Em todas as pesquisas de intenções de voto realizadas desde o anúncio, Maia não saiu do patamar de 1%.
Leia a carta na íntegra:
“Meus amigos e amigas do Democratas, do PP, do PR, do Solidariedade, do PRB, do PHS e do Avante,
Nos quatro últimos meses, tivemos um convívio ainda mais intenso do que o habitual. Agradeço o apoio incondicional que recebi de todos, e de cada um de vocês, na tentativa de consolidar minha candidatura à Presidência da República. Agradeço, sobretudo, porque esse apoio vem sendo dado a mim e àquilo que tento representar: a crença incondicional na força da Democracia e da Política para superar todas as adversidades desse momento singular, duro e difícil da vida nacional.
A decisão conjunta que tomamos, hoje anunciada formalmente para o País, foi a de unir nossos esforços e nossos ideais em torno do nome de Geraldo Alckmin, do PSDB. A biografia de Alckmin saberá honrar os projetos, os anseios, a experiência e o espírito público e republicano que nossas legendas reúnem como patrimônio político de rara força e coesão no Brasil.
A oportunidade que recebi como delegação de vocês permitiu-me voltar a viajar pelas cinco regiões brasileiras, algo que fiz com frequência e com prazer quando fui presidente do DEM, e constatar de perto avanços e retrocessos em todo o nosso território.
Voltei ao sertão nordestino, estive na cidade natal de minha família, a paraibana Catolé do Rocha. Vi a esperança no olhar forte dos sertanejos. Regressei ao Amazonas, a Manaus, onde testemunhei as possibilidades e os desafios do crescimento econômico com sustentabilidade. Constatei, nas planícies intermináveis do Centro Oeste, o imenso retorno que o agronegócio vem dando à nossa economia e ao nosso desenvolvimento.
E é claro que rodar o Brasil também fez com que se tornasse mais aguda a minha visão dos gargalos que travam o país, da miséria que nos envergonha e da insegurança que nos amedronta e nos atormenta. A logística do Brasil é precária e reduz nossa competitividade industrial, além de nos impor perdas enormes no setor agropecuário. A violência se espalhou de forma epidêmica pelas metrópoles, pelas cidades médias e até mesmo no interior antes tão pacato.
Em muitos Estados o crime organizado parece vencer o Estado. A desigualdade social é quase uma afronta pessoal numa Nação onde 13,4 milhões de pessoas vivem em situação de extrema pobreza e onde metade dos trabalhadores ainda recebem menos do que um salário mínimo por mês. É triste, é revoltante, constatar que a mortalidade infantil voltou a crescer entre nós, e que doenças outrora erradicadas voltaram a ameaçar o contágio da população brasileira – como o sarampo e a pólio, por exemplo.
São essas desigualdades, são esses retrocessos capazes de escrever tragédias particulares no seio das famílias brasileiras, que me levam a trilhar com vocês o caminho da unidade em torno de um projeto político que hoje parece o mais viável para evitar marchas-à-ré ainda maiores e mais trágicas para o Brasil.
A História não nos dá o direito de andar para trás. Tenham certeza disso minhas amigas e meus amigos dos partidos que compõem, com o DEM, aquilo que corretamente chamamos de Centro Democrático.
É centro porque é o ambiente em que as pessoas não abrem mão de seus princípios nem de suas ideias. É o ambiente em que políticos de todos os matizes podem sentar e dialogar para construir consensos. Se o consenso não for possível, para o centro convergem as maiorias sem que ninguém se apequene e fazendo com que todos persigam o avanço.
É democrático porque jamais deixou-nos fugir a certeza de que não há outro caminho que não seja a política, e de que não há Democracia consolidada sem instituições transparentes e funcionando em plenitude e normalidade. Dirijo-me a vocês, à distância porque a legislação assim me obriga, porque sei que dessa forma dialogo com a maioria do povo brasileiro que os nossos partidos representam.
Arquivo, momentaneamente, a pretensão presidencial que vislumbrei para marcharmos juntos, em 2018, com o projeto que estamos construindo em torno de Geraldo Alckmin. Serei candidato a deputado federal pelo Rio de Janeiro e mais uma vez empenharei o novo mandato que espero ter a honra de conquistar em favor do Brasil e dos brasileiros. Estaremos juntos, sempre.
Obrigado, Rodrigo Maia.”
26 de jul. de 2018
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