14 de mar. de 2022

PP entrega cargos no governo e deixa base aliada do PT na Bahia

Redação Portal Cleriston Silva PCS

O vice-governador João Leão (PP) entrega a carta de demissão do cargo de secretário estadual de Planejamento ao governador Rui Costa (PT) na tarde desta segunda-feira (14). O movimento é a confirmação de que o Progressistas deixa a base aliada do PT após uma aliança de quase 14 anos - o partido passou a integrar formalmente o grupo no segundo mandato de Jaques Wagner no Palácio de Ondina. Leão será seguido pelos demais filiados ao PP que compõem o primeiro e segundo escalão, entre eles o ex-presidente da Assembleia Legislativa da Bahia, Nelson Leal, que ocupava a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e o o secretário de Recursos Hídricos, Leonardo Góes.

O rompimento é fruto da tensão criada após o vice ser informado pela imprensa que Rui permaneceria no cargo de governador até 31 de dezembro, contrariando as conversas prévias de que Leão herdaria o mandato tampão de 9 meses, ficando responsável pela transição entre os governos. Coube a Wagner divulgar o acordo interno do PT que remodelou a chapa governista, em entrevista à rádio Metrópole, na semana passada, sem ter informado ao vice a decisão.

Depois do episódio, Leão iniciou uma série de conversas, que convergiram com os interesses do PP nacional de afastar a legenda do arco de alianças do PT na Bahia. Na última quarta (9), o vice indicou que a sigla poderia ter uma candidatura própria ao governo da Bahia ou migrar para a base de apoio ao ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (UB), na corrida estadual. Essa segunda hipótese é a considerada mais palpável e, segundo informações de bastidores, as negociações seguem avançando de maneira positiva.

Apesar da decisão estar programada para ser publicizada no final da tarde desta segunda, um almoço na Vice-Governadoria com Leão e as bancadas do PP na Câmara dos Deputados e da Assembleia selou o entendimento. Dentro do Progressistas, a forma como Leão foi tratado, alijado do processo de discussão sobre a chapa majoritária governista, foi decisiva para o rompimento.

Houve uma quebra de confiança - Em entrevista coletiva no início da noite, na sede do PP, em Salvador, o vice-governador João Leão disse que houve uma “quebra de confiança” por parte do partido com a sua sigla que motivou o afastamento. “Na semana passada, o senador Jaques Wagner esteve na minha casa, confirmou todo o nosso acordo. E na segunda feira, em uma entrevista a uma rádio em Salvador, foi dito que não iria ter mais acordo, que a coisa iria ser dessa maneira, sem discutir absolutamente nada conosco. Conversamos com os deputados federais, os deputados estaduais, os prefeitos e chegamos a um consenso de que acabou. É uma questão de quebra de confiança”.

Ainda segundo Leão, foi um rompimento civilizado que permite que o PP esteja livre para começar uma nova vida. “É uma ruptura civilizada. Nós não vamos sair atacando absolutamente ninguém. Não é o meu perfil e nem o perfil dos meus companheiros do PP”, disse o vice-governador. Sobre o apoio ao pré-candidato ao governo do Estado ACM Neto (DEM), Leão afirmou que ainda não fechou com ninguém, mas que jantou com o ex-prefeito de Salvador, evento que ele classificou como “uma noite maravilhosa”.

Ele ainda falou que não ficará de fora do processo eleitoral. “Nas duas próximas semanas chegaremos lá”, disse o vice-governador sobre a qual cargo concorrerá. “Sou muito jovem, vou viver pelo menos 200 anos”, brincou Leão, que vai disputar a vaga de Senado na chapa de Neto, um desejo seu desde o princípio das negociações com o PT e o PSD do senador Otto Alencar.

Leão ainda admitiu que é possível votar em Lula, mesmo com o rompimento com o governo do Estado. “Não deixo nenhuma porta fechada”, sentenciou.

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