9 de out. de 2018

Candidatos derrotados ao governo da Bahia declaram apoio a Bolsonaro

Redação Portal Cleriston Silva PCS

Dois dias após a reeleição de Rui Costa (PT) para governador da Bahia, com 75,5% dos votos válidos, políticos que concorreram no pleito contra o petista começaram a se movimentar nesta segunda-feira (8) para a disputa do segundo turno das eleições presidenciais, entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT).

Dois deles, José Ronaldo (DEM) e João Henrique (PRTB), reafirmaram o apoio pessoal que já tinham dado a Bolsonaro no primeiro turno das eleições. Marcos Mendes (PSOL) disse que vai votar em Haddad e os outros candidatos – Célia Sacramento (Rede), João Santana (MDB) e Orlando Andrade (PCO) – não se manifestaram.

Na Bahia, o trabalho maior neste segundo turno das eleições será por parte dos apoiadores de Bolsonaro, tendo em vista que o capitão reformado do Exército conseguiu ganhar de Haddad em apenas seis das 417 cidades baianas: Luís Eduardo Magalhães, Itapetinga, Eunápolis, Itabuna, Teixeira de Freitas e Buerarema.

O resultado das eleições também mostrou uma contradição do desejo dos eleitores nessas cidades: dessas seis, em apenas duas – Buerarema e Itapetinga - o candidato da oposição José Ronaldo conseguiu ganhar. A outra que ele venceu foi em Feira, onde Haddad saiu na frente.

Na opinião do antropólogo e sociólogo do Departamento de Ciências Humanas da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), José Luís Caetano da Silva, em cidades onde predomina a atividade agrícola, como Luís Eduardo Magalhães e Itapetinga, a tendência é maior para apoio a Bolsonaro por conta disso.

“Nas outras cidades, creio que há um apelo pela mudança no sentido de querer que os problemas sejam resolvidos. Às vezes se coloca a violência como sendo algo a ser resolvido, mas ela serve mais como cortina de fumaça para justificar o voto do ódio, do rancor, da incompreensão”, acredita.

Em Luís Eduardo Magalhães, cidade do Oeste da Bahia que tem a economia baseada no agronegócio, a avaliação de produtores rurais sobre o resultado da votação deste domingo é que “as pessoas estão com desejo de mudança de rumos do país”, nos dizeres de um grande produtor de algodão que não quis ter o nome divulgado.

“Rui Costa ganhou aqui, é verdade, mas ele está fazendo um bom governo. Na verdade, tem hora que nem lembro que ele é do PT, pois não parece. Tem coisas a melhorar, sim. Mas o que está sendo feito está nos ajudando também. No plano federal, contudo, nos preocupa muito o plano de governo do PT”, afirmou.

Na cidade de Eunápolis, o sentimento de mudança na política se dá com relação também ao PT, mas o discurso de Bolsonaro contra a violência influencia. Eunápolis, assim como Itabuna e Teixeira de Freitas, está entre as cidades com maiores índices de homicídios do Brasil, segundo as últimas edições do Atlas da Violência.

“Estamos cansado de tanta roubalheira na política e de não ver os problemas do país sendo resolvidos. Eu não votei em Bolsonaro no primeiro turno porque estava em viagem, mas no segundo turno vou votar nele”, afirmou a representante comercial Clívia Nogueira Silva, de 30 anos.

Cidade do Sul da Bahia que nos últimos anos foi marcada por uma violenta disputa de terras entre índios da etnia tupinambá e pequenos produtores rurais, Buerarema tem dado vitória a candidatos que concorrem contra o PT desde as eleições de 2014, quando Aécio Neves (PSDB) ganhou da petista Dilma Rousseff.

Parte da cidade ficou revoltada com o PT porque a Fundação Nacional do Índio (Funai) demarcou uma área de mais de 45 mil hectares, que abrange ainda territórios de Una e Ilhéus, como de habitação tradicional indígena, o que fez ocorrer invasões de propriedades que estão dentro da área demarcada. O processo de regularização da terra indígena, contudo, ainda não foi definido pelo governo federal.

“O problema de antes aqui era com esses índios, que deixou muita gente sem terras. Mas deu uma acalmada, pelo menos não está tendo mais conflito. Mas o sentimento de mudança com relação ao PT ainda continua, não queremos esse partido mais no governo”, diz Roberto Sampaio, 44, gerente de pista de um posto de gasolina.

Articulações - Para José Ronaldo, que teve de renunciar ao cargo de prefeito de Feira para concorrer a governador da Bahia e teve 22,26% dos votos válidos (segundo colocado), a campanha de Bolsonaro deve avançar para o interior, sobretudo em médias e grandes cidades – no primeiro turno, o candidato do PSL esteve apenas em Salvador. “Vamos ver como será definido isso, mas desde já me coloco à disposição”, declarou.

O apoio do DEM, ele frisa, ainda não está definido para Jair Bolsonaro, mas a tendência é que isso ocorra pelo histórico embate entre DEM e PT. “Ainda não marcamos reunião para definir isso, mas dessa semana a definição não pode passar”, disse.

Sobre os votos que teve, José Ronaldo comentou que “resultado de urna a gente deve respeitar”. A respeito do resultado das eleições para presidente, em comparação com o de governador da Bahia, avaliou que “o eleitor está cada vez mais independente em suas escolhas e não vota em candidatos apenas por partido”.

Ex-prefeito de Salvador, João Henrique Carneiro, um dos principais apoiadores de Bolsonaro na Bahia, diz que aguarda do comando da campanha de Bolsonaro a definição sobre como serão conduzidas as ações no segundo turno das eleições no estado. “O que sei é que agora serão novas eleições, com mais tempo de TV, haverá mais possibilidade de debates, de apresentação de planos de governo e de ideias para melhoria do país”, declarou. “Acho que deve ser escolhido logo um líder para essa campanha na Bahia, ou então podem ser vários líderes, já que é mais de um apoiador”.

João Henrique está na bronca com o seu partido: se queixou de não ter recebido apoio financeiro algum para a campanha e disse que as únicas duas viagens que fez ao interior, a Feira de Santana e Juazeiro, foram por conta própria. “Paguei aluguel de carro e combustível do meu bolso”, afirmou.

“Enquanto isso, outros candidatos a governador que estavam nivelados comigo receberam entre R$ 300 mil a R$ 2 milhões. Sinceramente, não entendi porque essa indiferença. Isso nos forçou a fazer uma campanha unicamente digital, aqui de Salvador”, declarou João Henrique, quarto colocado, com 0,58% dos votos válidos.

“Nesse contexto [da falta de verba para a campanha], eu fui bem votado. Agora, é manter a fé porque as sementes foram plantadas e outras disputas virão. Vou ver as cidades em que fui bem votado, talvez pode sair uma candidatura a prefeito de uma cidade onde me acolheram bem”, finalizou.

O professor Marcos Mendes, terceiro colocado nas urnas, com 0,66% dos votos, disse que vai ter reunião do PSOL na quarta-feira (10) para definir o apoio ao PT, mas ele já garantiu o seu apoio pessoal. “Apesar de ter críticas profundas ao PT, estamos à beira do fascismo, não teria outra opção, tem de ser apoio a Haddad”, afirmou. As informações são do site Correio24horas.

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