Redação Portal Cleriston Silva PCS
Os oficiais do Exército chegaram a Crisópolis por volta das 10h30 desta quinta-feira (15) e acompanharam o trabalho da retirada dos escombros das casas destruídas. Cabe à instituição o controle da fabricação de fogos de artifício.
Além disso, a ida do Exército à cidade é para apurar a denúncia de que outras casas são usadas como fábricas clandestinas. “Desde ontem ficamos sabendo que havia mais residências na mesma situação da casa que explodiu e, por isso, acionamos o Exército para vir hoje”, declarou o superintendente da Defesa Civil do Estado, Paulo Luz.
Ele não soube precisar a quantidade de imóveis denunciados, mas citou como exemplo uma casa que fica em frente ao local da explosão. O imóvel em questão foi atingido pelos destroços. “Os moradores foram retirados de imediato e a casa foi isolada. O que a gente sabe é que os donos vendem fogos na porta, mas há denúncia de fabricação e só o Exército para apurar outras situações do tipo”, disse o superintendente.
Desde quarta-feira, o Corpo de Bombeiros vem atuando na cidade, na tentativa de evitar novas explosões. Na manhã de hoje, os bombeiros auxiliavam a Defesa Civil na retirada dos escombros. Durante o trabalho, foram encontrados clorato e nitrato de potássio e enxofre.
“São insumos para a fabricação de fogos de artifício, que estavam entre os entulhos e vigas. A fábrica clandestina funcionava ainda de maneira artesanal, no manuseio das mãos, socando. Eles não tinham equipamentos específicos”, declarou o comandante do 19º Grupamento de Corpo de Bombeiros (19°GBM/Alagoinhas), o coronel Valdemir Matias.
Segundo ele, por conta do estado dos corpos, ainda não há previsão do enterro das vítimas. Matias deu a dimensão da explosão. “Foi tão forte que pedaços de corpos foram encontrados a mais de 50 metros nos telhados das casas vizinhas”, disse o comandante. Ainda de acordo com ele, foram sete casas totalmente destruídas. “As pessoas sobreviveram por um milagre”, disse o comandante.
Ele fez referência à mulher e ao filho pequeno do mecânico, Amauri Santos Guimarães, 34 anos. Amauri disse que trabalhava quando ouviu a explosão. De imediato, ele correu ao encontro da família e deu de cara com a casa destruída. ‘Naquele momento pensei que tinha perdido o bem mais precioso de minha vida: minha mulher e o meu filho de um ano. Mas em seguida, a vi saindo em meio aos destroços”, contou ele.
Amauri disse ainda que mulher colocava a criança para dormir quando a tragédia aconteceu. “A casa tem cinco cômodos e todos vieram abaixo, menos o quarto do meu filho. Foi um milagre”, afirmou.
O mecânico lamentou as mortes dos vizinhos. “Fico feliz por minha família viva, mas por outro lado, estou arrasado porque perdi duas pessoas amigas”, falou. Ele também relatou que não sabia que na casa do vizinho funcionava uma fábrica clandestina de fogos. “Ele vendia na porta, mas nunca imaginei isso. Se soubesse, já teria me mudado daqui”, declarou ele, que mora no local há quatro anos.
Segunda explosão - Esta foi a segunda explosão de fogos na casa que funcionava também como fábrica clandestina. De acordo com o superintendente da Defesa Civil do Estado, Paulo Luz, a primeira vez aconteceu há mais 10 anos. “Mas foi em proporção bem menor.
As pessoas da cidade disseram que essa família lida com fogos há muitos anos e que uma vez houve uma pequena explosão, mas ninguém saiu ferido”, disse o superintendente da Defesa Civil do Estado, Paulo Luz. O dono de um micro-ônibus estacionado em uma garagem ao lado da fábrica clandestina confirmou a informação. O veículo dele foi arremessado a uma distância de mais de 20m com o impacto da explosão.
“Ele fabricava lá dentro nos fundos e a gente não tinha acesso. Sempre vendeu e sempre existiu. A população e a vizinhança se acomodou. Aí aconteceu essa fatalidade, uma tragédia dessa proporção. Já havia acontecido, em menor proporção, há mais ou menos 10 anos, 11 anos. Teve uma explosão que causou danos, mas não veio nessa gravidade. Ele disse que não ia fabricar mais, não ia vender, mas foi continuando com essa fabricação clandestina”, disse.
Vítimas - As duas vítimas fatais da explosão eram um casal: Ebervan Souza Reis, de 49 anos, e sua esposa Fernanda Santana Batista, 35. A filha deles é a adolescente Talita Batista Reis, 13, que está internada na ala de queimados do Hospital Geral do Estado (HGE). Procurada, a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) afirmou que não divulga detalhes do estado de saúde de pacientes.
Ao todo, 5 pessoas foram retiradas dos escombros. Três delas sobreviveram. Além de Talita, as outras duas vítimas, que não foram identificadas, tiveram ferimentos leves. O dono do imóvel é o idoso identificado como Paulo Souza. Ele é pai de Ebervan e foi preso em flagrante pela Polícia Civil.
Vítimas fatais da explosão eram um casal; a filha deles de 13 anos está internada |
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