16 de fev. de 2021

Rui Costa decreta toque de recolher na Bahia por sete dias

Redação Portal Cleriston Silva PCS

Com aumento do risco de colapso no sistema de saúde devido à elevação de internações pela Covid-19, o governo do Estado decretará toque de recolher em quase toda a Bahia a partir de sexta-feira, 19. Inicialmente, a medida será válida por sete dias, das 22h às 5h, e não será aplicada somente nas regiões Oeste e dos municípios de Irecê e Jacobina, segundo o governo. Durante o período, fica proibida na referida faixa de horário a circulação de pessoas nas ruas e o funcionamento de serviços não essenciais. O decreto será publicado nesta quarta-feira, 17. Quem descumprir o decreto poderá ser indiciado por crime contra a saúde pública, de acordo com o chefe do Executivo estadual.

“O objetivo é evitar a convivência em bares, bebidas, carros de som, aquelas aglomerações na madrugada que geram muita contaminação. Com isso, esperamos preservar vidas e garantir leitos hospitalares. Precisamos conter a taxa de crescimento de contaminação. Quero fazer um apelo a todos os prefeitos para que nos ajudem nessa mobilização, para que a gente consiga conter o avanço do coronavírus e suas novas variantes no estado da Bahia. Isso é fundamental para que não presenciemos a repetição de imagens que vimos em outros lugares do Brasil, da falta de leitos”, afirmou o governador Rui Costa.

O governador esteve reunido com prefeitos da Bahia para tratar do assunto na tarde desta terça-feira, 16. O secretário de Saúde de Salvador, Leo Prates, disse apoiar a medida. Durante a reunião, Rui também disse que, para o retorno das aulas presenciais, precisará ocorrer a redução do número de casos ativos, da quantidade de mortes e das taxas de ocupação de leitos. “Definimos que esses critérios são os requisitos mínimos necessários para que possamos ter um retorno sem colocar em risco a vida de nossos professores, pais, alunos e todos os seus familiares”, afirmou o chefe do Executivo estadual.

Em transmissão nas redes sociais depois da reunião, o governador explicou o motivo de adotar o toque de recolher. “Tem me preocupado muito, de dezembro para cá, as pessoas achando que o vírus foi embora. Muita gente na rua sem máscara, querendo aproveitar o verão, bares lotados, paredão. Não sei o que está passando na cabeça das pessoas, por isso essa medida de restrição. Nesse horário, tem pouca gente na rua. Mas, em geral, quem está na rua está bebendo, sem máscara”, argumentou.

O governador alertou ainda que, a depender dos dados relativos à pandemia, poderá ampliar o horário do toque de recolher. De acordo com ele, no pico da pandemia eram registrados, em média, 70 óbitos por dia. Atualmente, a Bahia tem notificado aproximadamente 60 mortes por dia. “Não podemos cruzar os braços. Inicialmente, a medida é a partir das 22h como um grande alerta. Se ao longo desses sete dias a situação se agravar, podemos ampliar o horário de toque de recolher, começando às 20h ou às 18h. Vai depender do comportamento dos números”, declarou.

Na reunião, houve ainda uma apresentação de técnicos da Secretaria de Saúde do Estado (Sesab), que apontaram 74% de ocupação dos leitos de UTI para pacientes com Covid-19.  “Os dados indicam um risco real de colapso do sistema de saúde e consequente aumento na mortalidade. Nesse momento, apenas medidas de distanciamento social mais severas minimizarão as altas taxas de transmissão do vírus”, disse o secretário estadual da Saúde, Fábio Vilas Boas. Das nove macrorregiões de saúde do estado, três apresentam taxas de ocupação de leitos de UTI adulto para pacientes com Covid-19 acima dos 80%: Centro-Leste (83%), Sudoeste (84%) e Sul (90%).

Pelo menos três unidades de saúde têm 100% de leitos de UTI adulto ocupados: o Hospital Clériston Andrade, em Feira de Santana; o Hospital Santa Helena, em Camaçari; e o Hospital São Vicente de Paulo, em Vitória da Conquista. Além disso, 100% dos leitos clínicos para Covid estão com pacientes no Hospital Prado Valadares, em Jequié; Hospital Regional de Santo Antônio de Jesus; Hospital Regional Dantas Bião, em Alagoinhas; e em três unidades na capital baiana Hospital Santa Isabel, Itaigara Memorial e Hospital do Subúrbio. Ainda em Salvador, a UTI pediátrica do Martagão Gesteira também tem todos os leitos ocupados.

Em Feira de Santana, na região Centro-Leste, a situação é semelhante à do pico da pandemia, segundo Francisco Mota, diretor do Hospital de Campanha. No local, 15 dos 18 leitos de UTI adulto estão com pacientes. “A gente está começando a ter um cenário parecido com julho do ano passado. Em janeiro, chegamos a ter 100% de ocupação da UTI adulto. Depois, chegou a haver diminuição do número de internações, mas da última quarta-feira para cá, aumentou muito e tem se mantido assim, mesmo com alguns pacientes saindo de alta”, afirma.

Em Ilhéus, no Sul da Bahia, operam com altas taxas de ocupação de UTI adulto o Hospital de Ilhéus (91%), o Vida Memorial (90%) e o Hospital Regional Costa do Cacau (93%). A situação é semelhante em outras cidades da região – em Itabuna, o índice de ocupação no Hospital de Base Luis Eduardo Magalhães é de 95%. Já no Hospital São Vicente, em Jequié, e no Hospital Dr. Heitor Guedes de Mello, em Valença, a ocupação é de 90%.

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