16 de jun. de 2020

Vacina contra a Covid-19 deve ficar pronta em quatro meses, mas só tem eficácia de um ano

Redação Portal Cleriston Silva PCS

A vacina contra a Covid-19 em desenvolvimento pela Universidade de Oxford, na Inglaterra, fornecerá proteção contra a infecção por cerca de um ano, disse o presidente da farmacêutica AstraZeneca, parceira da instituição de ensino britânica, a uma estação de rádio da Bélgica nesta terça-feira (16). A farmacêutica e a universidade já iniciaram os testes em humanos, com participação de voluntários brasileiros, inclusive. O estudo em fase 1 no Reino Unido está prestes a ser concluído, e um outro em fase 3 foi iniciado recentemente.

"Acreditamos que ela irá proteger por cerca de um ano", disse Pascal Soriot, presidente da AstraZeneca. A AstraZeneca informou no sábado (13) que assinou contratos com França, Alemanha, Itália e Holanda para fornecer até 400 milhões de doses da vacina à União Europeia, quando e se ficar pronta. A empresa também fechou acordos com o Reino Unido e com os Estados Unidos.

"Se tudo correr bem, teremos os resultados dos ensaios clínicos em agosto/setembro. Estamos fabricando em paralelo. Estaremos prontos para entregar a partir de outubro", acrescentou.

Fases de uma vacina - Para chegar a uma vacina efetiva, os pesquisadores precisam percorrer diversas etapas para testar segurança e resposta imune. Primeiro há uma fase exploratória, com pesquisa e identificação de moléculas promissoras (antígenos). O segundo momento é de fase pré-clínica, em que ocorre a validação da vacina em organismos vivos, usando animais (ratos, por exemplo). Só então é chegada à fase clínica, em humanos, em três fases de testes:

- Fase 1: avaliação preliminar com poucos voluntários adultos monitorados de perto;
- Fase 2: testes em centenas de participantes que indicam informações sobre doses e horários que serão usados na fase 3. Pacientes são escolhidos de forma randomizada (aleatória) e são bem controlados;
- Fase 3: ensaio em larga escala (com milhares de indivíduos) que precisa fornecer uma avaliação definitiva da eficácia/segurança e prever eventos adversos; só então há um registro sanitário.

Depois disso, as agências reguladoras precisam aprovar o produto, liberar a produção e distribuição. Entre as vacinas em testes em fase clínica, algumas aparecem em estágio mais avançado, como a desenvolvida por Oxford, em fase 3.

A vacina do Reino Unido é produzida a partir de um vírus (ChAdOx1), que é uma versão enfraquecida de um adenovírus que causa resfriado em chimpanzés. A esse imunizante foi adicionado material genético usado para produzir a proteína Spike do SARS-Cov-2 (que ele usa para invadir as células), induzindo a criação de anticorpos.

A vacina desenvolvida por Oxford será testada em dois mil brasileiros durante três semanas, no Rio de Janeiro e em São Paulo. O Brasil é o primeiro país fora do Reino Unido que vai começar a testar a eficácia da imunização contra o Sars-CoV-2. No Rio de Janeiro, os testes em mil voluntários serão feitos pela Rede D’Or São Luiz, com custo de cerca de R$ 5 milhões bancados pela Rede e sob coordenação do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (Idor).

Em São Paulo, os testes em outros mil voluntários serão conduzidos pelo Centro de Referência para Imunológicos Especiais (Crie) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), com financiamento da Fundação Lemann.

Antonio Carlos Moraes, um dos pesquisadores da equipe do Idor, responsável pelos testes no Rio explicou que seu grupo se prepara para um esforço que deve durar até a última semana de junho, com a triagem e aplicação da imunização nos voluntários.

Os participantes deverão serão submetidos a testes para confirmar que não foram infectados pela Covid-19 para poder seguir com o experimento. "Primeiro precisamos seguir as regras de segurança", disse o especialista que espera receber muitos voluntários interessados em participar da pesquisa. Neste momento, são os profissionais da saúde –que estão em maior contato com pacientes infectados – que têm a prioridade para os testes.

A regra é a mesma para os dois centros de testagem, tanto no Rio como em São Paulo, poderão se inscrever como voluntários profissionais da saúde que atuam na linha de frente de combate à Covid-19, além de adultos entre 18 e 55 anos que também trabalhem em ambientes de alto risco para exposição ao vírus.

A Unifesp especificou por meio de um comunicado, que motoristas de ambulâncias, seguranças que trabalhem em hospitais e agentes de limpeza de hospitais também poderão se inscrever. Entretanto, a entidade esclareceu que ainda não foi iniciado o processo de recrutamento. "A previsão é de que os procedimentos no Brasil comecem ainda em junho", garantiu em nota.

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