Redação Portal Cleriston Silva PCS
Promotores do órgão, representantes da companhia e entidades de proteção ao meio ambiente se reuniram para definir um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). "De dezembro para cá, propusemos medidas imediatas nas áreas onde ocorrem mais mortes. A Coelba tem 10 dias úteis a partir de hoje [segunda-feira] para fazer uma verificação das medidas que a gente sugeriu", afirmou a promotora de Justiça Luciana Khoury, que atua na área ambiental.
O número de mortes contabilizadas pelas entidades de defesa ambiental leva em conta os últimos quatro anos, pois foi nesse período que agricultores passaram a informar, com frequência, que aves foram vistas mortas nas propriedades e estradas da região. De acordo com o Instituto do Meio Ambiente Recursos Hídricos da Bahia (Inema), somente entre maio e julho de 2021, sete araras-azuis-de-lear foram encontradas mortas apenas na cidade de Euclides da Cunha.
![]() |
Inquérito foi instaurado para apurar se óbitos estão relacionados a choques elétricos nos fios da rede de energia |
As mortes recentes na cidade chegaram ao conhecimento do Ministério Público em novembro de 2020, junto com informações de óbitos em outros municípios. A promotora Luciana Khoury disse que as unidades regionais de Paulo Afonso e Euclides da Cunha instauraram inquérito para apurar as ocorrências da mortandade das aves. "Chegou a informação de mortes em Jeremoabo e em Santa Brígida. Em parceria com a Regional de Euclides da Cunha, instauramos os inquéritos e estamos fazendo as atuações conjuntas. O desafio é entender o porquê ocorre isso e como resolver", disse.
Nessa região, as araras têm dormitórios, que são nos paredões. E elas voam pra se alimentar. Nesse percurso, quando elas pousam nos fios, é que ocorre essa eletroplessão (morte por descarga elétrica). A Coelba argumentou que mantém acordos com o Ministério Público para contribuir com a segurança da arara-azul-de-lear nos locais em que existe maior risco de eletrocussão. A empresa disse que durante todo o processo apresentou alternativas possíveis de modificações na rede elétrica, a exemplo da instalação de um inibidor de pouso das aves na rede, mas não obteve aprovação para implementação.
![]() |
Arara-azul-de-lear é encontrada por agricultores na região da Caatinga |
Segundo os promotores do MP-BA e as entidades de proteção ambiental, os inibidores de pouso sugeridos pela companhia não são suficientes para evitar o contato das araras com a fiação. Além disso, há um acúmulo de água nas cruzetas (barras horizontais que ficam na parte superior dos postes) em dias de chuva. O que também provoca a descarga elétrica nos animais ao fazerem contato com o objeto molhado. O MP-BA sugeriu que a empresa amplie a distância entre os fios e faça uma troca de postes por outros com espaçamento maior entre o concreto e a fiação. Desse modo, é possível evitar que as aves façam contato entre dois fios, ou entre o fio e o poste.
Paulo Afonso, Santa Brígida, Euclides da Cunha, Monte Santo, Sento Sé e Campo Formoso, nas regiões norte e nordeste da Bahia, são as cidades onde há maior incidência da arara-azul-de-lear. A Caatinga baiana é o único lugar do mundo onde a ave pode ser encontrada. Além disso, são indivíduos monogâmicos - ou seja, com a morte do parceiro, o casal deixa de se reproduzir. Elas se alimentam basicamente de licuri e os deslocamentos na região podem ter 60 km de distância em busca de alimentos. O que, com poucas árvores na região, propicia o pouso em fiação da rede elétrica.
![]() |
Arara-azul-de-lear usa fiação da rede elétrica para pousar |
Nenhum comentário:
Postar um comentário