27 de abr. de 2022

Pedrão: Lavrador tenta provar que não morreu após nome aparecer em cadastro de óbitos

Redação Portal Cleriston Silva PCS

O lavrador José Raimundo Costa de 60 anos ficou conhecido como "morto-vivo", em Pedrão, cidade onde mora, a cerca de 95 km de Serrinha. O homem ganhou esse apelido depois de uma descoberta inusitada: aos 55 anos, e sem problemas de saúde, descobriu que estava "morto" após uma consulta no cartório do município.

Na pequena cidade de pouco mais de 7.300 habitantes, é difícil encontrar alguém que não conheça a história. O "morto-vivo" de Pedrão não é nenhuma lenda ou “causo” do município que fica no interior baiano.

A "morte" do idoso não tem causa e nem registro nos cartórios, mas tem data: 19 de agosto de 2011. O nome de José Raimundo consta no Sistema Informatizado de Controle de Óbitos (Sisobi), mas para a Receita Federal, o documento Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) está válido.

“Eu descobri há cinco anos. Cheguei em Alagoinhas para pegar um remédio de pressão na farmácia que eu pegava de graça e quando eu cheguei lá, a menina mandou voltar e disse que eu não poderia pegar porque estava morto”, contou José Raimundo.

“Ela mandou eu ir na Receita Federal para saber do CPF. Fui na Receita e o CPF estava regular como está regular até hoje. Daí para cá procurei um advogado e ele está nessa correria para ver se me ressuscita”, afirmou.


No entanto, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), os bancos e o Sistema Único de Saúde (SUS) usam os dados ofertados pelo Sisobi. Com isso, a vida do lavrador virou um pesadelo.

O idoso teme não conseguir se aposentar. Além disso, não conseguiu receber o auxílio emergencial oferecido durante a pandemia da Covid-19 e tem dificuldade para ter acesso a remédios e atendimento médico na rede pública de saúde.

As únicas coisas que conseguiu fazer durante a vida "pós-morte" foi renovar a carteira de identidade e casar de papel e tudo. Divanêre Batista virou esposa de José Raimundo e ficou viúva ao mesmo tempo.

Em 2020, o INSS disse que o erro aconteceu porque o CPF do lavrador foi colocado na certidão de óbito da mãe dele e orientou que o idoso procurasse o cartório para alterar os dados. José Raimundo cumpriu a orientação, mas a medida não foi suficiente para "trazê-lo a vida novamente".

O lavrador tenta através da Justiça a tão sonhada "ressurreição". Fora do cemitério, onde devia estar enterrado se realmente estivesse morto, o lavrador aproveita para fazer uma oração: não ser enterrado na "Porta do Céu" tão cedo.

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