14 de nov. de 2019

Pobreza na BA é maior entre pretos ou pardos e mulheres solteiras com filhos menores de 14 anos, aponta IBGE

Redação Portal Cleriston Silva PCS

Após apontar que a Bahia é o estado do Brasil com os maiores números absolutos de pessoas pobres (6,3 milhões) e extremamente pobres (1,9 milhão), o IBGE divulgou, nesta quarta-feira (13), que a pobreza no estado é maior entre pretos ou pardos e mulheres solteiras com filhos menores de 14 anos.

Os novos dados, referentes a 2018, são do estudo intitulado "Desigualdades Sociais por Cor ou Raça", que analisa, pela ótica da cor ou raça, uma série de temas contemplados no Programa de Atividades para a Implementação da Década Internacional de Afrodescendentes (2015-2024), aprovado pela ONU com o objetivo de promover o respeito, a proteção e o cumprimento de direitos humanos.

Em 2018, o percentual de pessoas abaixo da linha de pobreza voltou a recuar tanto na Bahia quanto em Salvador e no Brasil, após ter aumentado por três anos seguidos (2015, 2016 e 2017), segundo a Síntese de Indicadores Sociais (SIS) 2019, divulgada pelo IBGE na semana passada.

Na Bahia, no entanto, conforme o estudo "Desigualdades Sociais por Cor ou Raça", 42,9% da população como um todo ainda estava abaixo da linha de pobreza em 2018, o que representava 6,3 milhões de pessoas vivendo com menos de R$ 413 por mês (US$ 5,5 por dia em paridade de poder de compra, segundo a linha definida pelo Banco Mundial).

O percentual de pessoas abaixo da linha de pobreza entre os que se declaravam pretos ou pardos era ainda maior que a média: 43,8%, ou 5,3 milhões eram considerados pobres. Entre os brancos, o percentual de pobres era 38,6% ou 1,032 milhão de pessoas.

O rendimento médio domiciliar per capita de pretos ou pardos é cerca de 30% menor que o dos brancos na Bahia e quase metade (-47,3%) em Salvador. Na capital, a desigualdade salarial por cor ou raça supera a causada pela informalidade, e trabalhadores brancos informais ganham, em média, 5,3% mais que pretos ou pardos formalizados.

Apesar da desigualdade, a diferença na incidência de pobreza entre brancos e pretos ou pardos (5,2 pontos percentuais) era a terceira menor entre os estados, ficando acima apenas de Mato Grosso (onde 11,8% dos brancos e 16,2% dos pretos ou pardos estavam abaixo da linha de pobreza) e do Distrito Federal (10,0% e 15,1%, respectivamente).

No Brasil, a incidência de pobreza entre pretos ou pardos (32,9%) era mais que o dobro da verificada entre os que se declaravam brancos (15,4%). Conforme o IBGE, como a incidência de pobreza entre pretos ou pardos é maior que entre os brancos, eles acabam sendo representados entre os que são considerados pobres, ou seja, têm uma participação percentual maior entre os que estão abaixo da linha de pobreza do que na população total.

Na Bahia, essa sobre representação era mais discreta: os pretos ou pardos eram 82,7% dos que estavam abaixo da linha de pobreza, frente a 81,1% da população em geral (mais 1,6 ponto percentual). Era a menor sobre representação entre os estados brasileiros.

Mães solteiras - O IBGE aponta que a pobreza atinge seu mais alto patamar num grupo específico de pretos ou pardos: mulheres que vivem sem a presença de cônjuge e com filhos menores de 14 anos de idade, ou seja, mães solteiras negras.

Em 2018, na Bahia, quase 8 em cada 10 pessoas que viviam nesse tipo de arranjo familiar estavam abaixo da linha de pobreza, ou seja, 75,1% das mães solteiras pretas ou pardas e seus filhos tinham menos de R$ 413 por mês, o que significava 682 mil pessoas nessa condição.

Esse grupo representava 1 em cada 10 pobres na Bahia (10,8%), enquanto era 6,1% da população em geral, mostrando, conforme o IBGE, uma sobre representação abaixo da linha de pobreza de mais 4,6 pontos percentuais, bem acima da verificada para a média dos pretos ou pardos (+ 1,6 ponto percentual).

A vulnerabilidade dessas famílias à pobreza era maior na Bahia que no país como um todo. No Brasil, embora as mães solteiras pretas ou pardas também apresentassem em 2018 a maior incidência de pobreza, o percentual era mais baixo que o baiano (63,0%).

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