NOVA PÁGINA WEB

NOVA PÁGINA WEB
cleristonsilva.com

15 de mar. de 2024

Depoimentos de militares colocam Bolsonaro no centro de trama golpista

Redação Portal Cleriston Silva PCS

Embora Jair Bolsonaro (PL) tenha escolhido se calar à Polícia Federal (PF), depoentes do entorno dele narraram aos investigadores uma suposta trama golpista que tem o ex-presidente no centro. Ao todo, 27 depoimentos – dos quais parte revela detalhes do plano – tiveram o sigilo derrubado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes nesta sexta-feira (15).

Além do ex-presidente, outros 13 depoentes permaneceram em silêncio e não responderam às perguntas dos agentes da PF. Aos que decidiram falar, os investigadores dirigiram perguntas sobre uma suposta trama golpista que buscava reverter o resultado das Eleições de 2022 e manter Bolsonaro no poder.

Destacam-se os depoimentos de ex-comandantes das Forças Armadas. O general Marco Antônio Freire Gomes detalhou à PF encontros em que foram apresentadas minutas de teor golpista. Nos planos, estaria a instalação de instrumentos como a Garantia da Lei e da Ordem (GLO), o Estado de Defesa e o Estado de Sítio.

O relato do general dá conta de que, em 7 de dezembro, teria se reunido com Bolsonaro. Na ocasião, o assessor especial da Presidência Filipe Martins leu trechos de um texto que seria usado para justificar a minuta do golpe. Em outra ocasião, no mesmo mês, um novo texto teria sido apresentado a ele.

Freire Gomes disse aos investigadores ter alertado Bolsonaro sobre as implicações criminais do plano e por que não considerava possível reverter o resultado das eleições. Também em depoimento, o ex-comandante da Força Aérea Brasileira (FAB) Carlos Almeida Baptista Júnior disse que Freire Gomes teria ameaçado o ex-presidente de prisão caso seguisse em frente com o plano.

Tanto o então comandante do Exército quanto o então comandante da Aeronáutica disseram ter recusado aderir à iniciativa, o oposto do ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos. Ele, no entanto, permaneceu em silêncio no depoimento à PF.

Depoimentos detalham plano - Para Baptista Júnior, a posição contundente do ex-comandante do Exército foi responsável por impedir outro golpe de Estado no Brasil e ainda disse que “caso o comandante tivesse anuído, a possível tentativa de golpe de Estado teria se consumado”.

O ex-comandante da Aeronáutica também contou que Bolsonaro enfatizava a necessidade de “parar eventuais abusos” de Alexandre de Moraes. Aos investigadores, ele afirmou que o então presidente procurou a Advocacia-Geral da União (AGU) para uma “alternativa jurídica” que contestasse os resultados das eleições.

O presidente do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto, por sua vez, afirmou que a ideia de contratar um instituto para realizar um estudo sobre as urnas eletrônicas também partiu de Bolsonaro e que o Instituto Voto Legal teria sido indicado pelo então ministro da Ciência e Tecnologia e atual senador, Marcos Pontes (PL-SP). A informação é da coluna de Igor Gadelha.

Bolsonaro quebra o silêncio - No depoimento de 22 de junho, na sede da PF, em Brasília (DF), Bolsonaro permaneceu em silêncio. Na data, o advogado Paulo Bueno, que representa Bolsonaro, disse que a escolha de não responder às perguntas seria uma “estratégia baseada no fato de que a defesa não teve acesso a todos os elementos os quais estão sendo imputados pela prática de certos delitos”. “O presidente não teme nada porque não fez nada”, disse o também advogado Fabio Wajngarten.

Após a suspensão dos sigilos dos depoimentos, Bolsonaro afirmou que “não é crime” falar sobre o que está previsto na Constituição Federal e ainda sustentou que nenhuma das medidas foi levada adiante. “Sobre o Estado de Defesa e o Estado de Sítio, precisa convocar um conselho com diversos integrantes. Para que fosse implementado, precisaria convocar o conselho, inclusive com presidente da Câmara e do Senado. E não teve nenhum conselho convocado. Aqui não é Hugo Chávez, Maduro. Dados os considerandos, quem dá a palavra final é o Parlamento. Já a Garantia da Lei e da Ordem não se pode fazer do nada. Tem que ter fundamento”, informou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário