20 de fev. de 2020

Vereador diz que Flávio Bolsonaro visitou miliciano morto em Esplanada na prisão "mais de uma vez"

Redação Portal Cleriston Silva PCS

O senador Flávio Bolsonaro visitou o ex-capitão do Bope Adriano Magalhães da Nóbrega quando este estava preso por "mais de uma vez". Foi o que revelou o vereador fluminense Ítalo Ciba (Avante), sargento da Polícia Militar, ao jornal O Globo.

Ele esteve na prisão no mesmo período que o ex-policial militar, e conta que ambos receberam visitas do senador em mais de uma ocasião. De acordo com a reportagem, Ciba integrava o Grupamento de Ações Táticas (GAT) do 16º BPM (Olaria), comandado por Adriano.

Em novembro de 2003, ele, Adriano e outros seis policiais receberam de Flávio, na Assembleia Legislativa, uma “moção de louvor”. Alguns dias depois, porém, os integrantes do GAT foram presos e começaram a responder um processo por homicídio, tortura e extorsão.

Nesse período, Flávio os visitou na prisão. Questionado sobre as visitas, o senador respondeu, por meio de nota, que esteve apenas uma vez na cadeia, em 2005, para ver Adriano e entregar a medalha Tiradentes — maior honraria concedida pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). “Não há nenhuma relação de Flávio Bolsonaro ou da família com Adriano”.

Anteriormente, Flávio havia dito que sua relação com o ex-capitão se resumia ao reconhecimento de seu trabalho como policial. O vereador também disse a reportagem que o miliciano morto no início de fevereiro frequentava o gabinete de Flávio a convite de Fabrício Queiroz, ex-chefe da segurança do filho de Bolsonaro.

"Sei que ele [Adriano] se dava muito bem com o Flávio, devido ao Queiroz. Queiroz trabalhou com Adriano lá atrás. Eu sei que o Adriano, de vez em quando, o Queiroz chamava pra ir lá no gabinete. Ele ia no gabinete ", disse.

Corpo de Adriano da Nóbrega passa por nova perícia - Uma nova perícia no corpo de Adriano Magalhães da Nóbrega começou na tarde desta quinta-feira (20), no Instituto Médico Legal do Rio (IML). Parentes do ex-policial militar e representantes do Ministério Público do Rio (MPRJ) chegaram ao local por volta das 14h30 e o exame começou cerca de duas horas depois.

Viúva de Adriano (de costas) chegou por volta das 14h30 para acompanhar a perícia (Foto: GloboNews)


“Estamos cumprindo uma decisão do juízo da Bahia ratificada pela justiça do Rio de Janeiro”, disse a diretora do Departamento de Polícia Técnico Científica da Polícia Civil do Rio, Nádia Abrahão, acrescentando que a nova perícia será acompanhada por peritos do Ministério Público do Rio e da Bahia, assistentes técnicos e representantes jurídicos e da perícia ligados à família.

Só pelo lado da família de Adriano, três peritos assistentes e um fotógrafo acompanhavam a nova perícia. A previsão era de que o procedimento levaria até três horas. “O exame de necropsia termina hoje. Durante o exame de necrópsia podem ser necessários exames complementares”, afirmou Nádia.

Um assistente técnico nomeado pela família disse que irá emitir um parecer a partir do laudo emitido pelo IML do Rio. O assistente técnico contratado pela família de Adriano é Francisco Miguel Moraes Silva, que foi diretor do IML do Paraná por seis anos. Ele contestou partes da primeira perícia, feita na Bahia após a morte de Adriano em Esplanada. “O tiro não tem marcas de ser a curta distância. É típica de tiro encostado”, afirmou ele.

Morto em operação na cidade de Esplanada - Acusado de envolvimento com a milícia e de chefia um grupo de matadores no Rio, o ex-capitão da PM do Rio foi morto na madrugada de 9 de fevereiro em Esplanada, na Bahia. Ele estava foragido havia um ano e foi baleado por policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) baiano durante um cerco.

O corpo de Adriano já havia passado por necrópsia no IML da Bahia. O segundo exame foi um pedido do Ministério Público baiano, acatado pela Justiça do estado. Segundo o MP, o objetivo é esclarecer dados considerados obscuros, entre eles, a trajetória dos tiros.


Nenhum comentário:

Postar um comentário