16 de out. de 2019

Descaso: Hospital de Biritinga usa copo descartável como máscara de oxigênio em recém-nascido

Redação Portal Cleriston Silva PCS

Após a polêmica demissão de uma professora da Escola Municipal Manoel Souza, no povoado de Vila Nova, despedida do serviço por cobrar salário atrasado, o município de Biritinga, na microrregião de Serrinha, volta ao centro das atenções. Dessa vez, por falta de materiais para procedimentos de média complexidade.

Sem máscaras de oxigênio, o Hospital Municipal improvisou um copo descartável para salvar a vida de uma criança que nasceu no dia 4 deste mês na unidade, conforme relato de uma tia da criança à reportagem do Portal Cleriston Silva - PCS. O bebê nasceu com problemas respiratórios e precisava do equipamento (máscara de Venturi) para facilitar a entrada de ar nos pulmões.

O parto normal foi demorado e trabalhoso, segundo a tia. "Ela [a mãe] não tinha passagem para ter o bebê normal e o parto acabou sendo forçado. Como demorou muito tempo em trabalho de parto, a menina nasceu sem oxigênio. Foi mais de uma hora para reanimar ela, e depois fazer esse improviso e colocar ela no oxigênio", explicou a tia, que, temendo represálias, pediu anonimato de sua identidade.

Ela criticou as condições precárias do hospital, mas elogiou a habilidade do médico, que 'jogou com a sorte'. "Agente agradece muito ao médico que fez o possível, o que estava ao alcance dele para salvar a vida da menina. O médico colocou o copo no bebê, porque não tinha o aparelho nem nada. Ele [o médico] não tem culpa. Tentou ajudar", diz a tia. A menina recebeu alta e já está em casa com os pais.

"Improviso é comum, acontece muito por aqui, mas dessa magnitude foi a primeira vez que me contaram. Está faltando todo tipo de material que um hospital necessita para atender com o mínimo de dignidade um paciente. Apesar de inusitado, foi a solução que salvou uma vida", disse um funcionário público, estupefato com a situação.

Segundo os relatos de outras pessoas ouvidas pelo PCS, faltam insumos básicos para o tratamento dos pacientes e que, de acordo com comentários nas redes sociais, as roupas de cama e de uso pessoal dos pacientes são levadas de casa, já que o hospital não disponibiliza os itens. "Às vezes falta gaze, esparadrapo e até álcool no hospital. No mínimo do mínimo eles deixam a desejar", relata uma moradora da cidade.

Desprendida de seu dever de garantir e respeitar a dignidade humana, a prefeitura disse por meio de sua página no Facebook que o procedimento adotado é o mais adequado e comum em hospitais, e que os responsáveis pela divulgação do vídeo serão acionados na Justiça. [Veja postagem da prefeitura abaixo]

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Sobre a professora demitida – Informações dão conta que professores contratados da rede municipal estão há cerca de três meses sem receber salário. Na semana passada, ao cobrar o pagamento atrasado, uma professora da Escola Manoel Souza, localizada no povoado de Vila Nova, acabou sendo demitida.

Um vídeo que circula nas redes sociais mostra o momento em que a educadora se despediu dos alunos, na sexta-feira, dia 11. Após o comunicado, os estudantes reagiram abraçando a professora. Em entrevista a uma rádio de Serrinha, na tarde desta quarta-feira, 16, o prefeito Celso da Sucam (PDT) admitiu os atrasos e disse que pretende sanar as dívidas até o fim do ano.

Oposição quer CPI para investigar atrasos – Por causa da repercussão das denúncias, os vereadores Jorge do Portal (PT) e Dude (PTN), que fazem oposição ao prefeito Celso da Sucam, anunciaram a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a arrecadação do município. Segundo os edis, o município arrecadou quase R$ 27 milhões entre janeiro e agosto desse ano, mas os salários estão atrasados há quase três meses.

Os vereadores dizem que a prefeitura gastou quase R$ 3 milhões de combustível em um ano, sendo que municípios vizinhos gastaram R$ 1 milhão, no mesmo período. Eles informaram ainda que a prefeitura recebeu R$ 16 milhões para pagamento de precatórios, mas prestou conta de apenas R$ 7 milhões. Para abrir a CPI é preciso o voto de quatro vereadores, mas a oposição conta com apenas dois.

Professora da rede municipal demitida após cobrar salário atrasado; estudantes abraçam a professora

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