Redação Portal Cleriston Silva PCS
“Nós observamos que realmente existe a tendência do diacetil causar danos ao cérebro. De 48 proteínas cerebrais que avaliamos após a exposição dos animais ao produto, 46 sofreram algum tipo de desregulação ou modificação em sua estrutura por conta do consumo prolongado do composto. Nós identificamos o aumento da concentração de proteínas beta-amiloides, que normalmente são encontradas em pacientes com Alzheimer. Além disso, outras alterações verificadas no cérebro dos ratos podem estar relacionadas ao surgimento de demência e câncer”, afirmou o doutorando do IQSC Lucas Ximenes, autor da pesquisa.
Segundo o pesquisador, o diacetil afetou tanto os cérebros de ratos machos quanto os de fêmeas, sendo que algumas regiões do órgão foram mais comprometidas, como o hipotálamo. O estudo é inédito, segundo Ximenes. "Até então, não se sabia exatamente quais os possíveis efeitos e modificações que o composto poderia gerar no cérebro de organismos vivos, existem poucos estudos nesse sentido. Além disso, alguns trabalhos utilizam quantidades absurdas do composto, até 50 vezes maiores que a que é utilizada nos produtos. O que nós fizemos foi utilizar concentrações de diacetil mais próximas do que seria um consumo diário normal”, afirmou.
Os cérebros dos ratos foram avaliados com a ajuda de dois equipamentos. Um deles, chamado espectrômetro de massas, faz a leitura e gera mapas de calor dos órgãos, formando uma espécie de impressão digital dos cérebros. Com isso, é possível observar como e em quais regiões certas proteínas e o diacetil estão distribuídos.
Em uma segunda etapa, outro aparelho, chamado cromatógrafo, ajudou a determinar se essas proteínas sofreram alterações, como o aumento de sua concentração ou alguma mudança estrutural preocupante. Os testes foram realizados com um total de 12 ratos, sendo que metade foi o grupo controle (que tomou placebo) e a outra metade ingeriu o diacetil. Agora, os pesquisadores do IQSC pretendem realizar novos testes com um número maior de animais.